"A universidade deve ser flexível pintar-se de negro, de mulato, de operário, de camponês ou ficar sem portas, e o povo a arrebentará e pintará a Universidade com as cores que melhor lhe pareça." - Ernesto Che Guevara

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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A LUTA PELA TERRA NO ASSENTAMENTO ESPERANÇA



O campo brasileiro tem sido marcado, historicamente, pela expropriação/espoliação do trabalhador rural, que tem na terra seu principal meio de sobrevivência.
O problema da falta de terra a quem dela precisa para trabalhar aparece refletido nos inúmeros conflitos no campo estabelecidos entre o latifúndio e o trabalhador rural sem terra que na luta pela terra de trabalho tem emergido, constantemente, na cena da história.
Nesse contexto, ganha destaque os assentamentos rurais, em particular o assentamento Esperança, como fruto das lutas travadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), contra a estrutura agrária desigual e excludente que historicamente tem marcado o espaço agrário brasileiro.
 O assentamento Esperança localizado no município de Sobral e ocupando uma área de 2.460 hectares, onde vivem setenta e oito famílias é colocado aqui como a expressão dessa luta dos camponeses por uma estrutura agrária mais justa e igualitária.
  A luta pela terra no Assentamento Esperança nasceu da necessidade dos trabalhadores rurais permanecerem na área, visto que sendo moradores submetidos a relações de trabalho bastante injustas começaram a despertar para a situação de espoliação em que viviam.
Em 1992 os referidos moradores ocuparam a Fazenda Groaíras que se encontrava ociosa. A partir de então, começaram a mobilizar-se com a ajuda da Igreja católica, Cáritas e Ceat.
Tem início então, o período mais crítico da luta. Repressões, agressões, destruição de roçados, e a retirada de alimentos, por parte do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA marcaram a primeira fase da ocupação que culminou no abandono do Sindicato de Groaíras, na fragmentação do grupo e na desistência de muitas famílias.
Os trabalhadores permaneceram acampados por dois anos, quando conseguiram o apoio do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Santa Quitéria e do INCRA, que ofereceu outras áreas passíveis a desapropriação, dentre as quais escolheram a antiga Fazenda EMASA. No dia 11 de junho de 1995 tomaram posse de suas terras, juntamente com 22 moradores do local, nascendo assim, o Assentamento Esperança.
Entendemos que o acesso a terra é um direito de todos que desejam produzir. Portanto as lutas travadas para quebrar com este sistema da propriedade da terra que tem aprisionado, expropriado e massacrado o trabalhador rural sem terra são legítimas e necessárias para uma vida digna no campo

Danilo Almeida
Irene Batista Neres
Raimundo Moura Almeida Junior
Texto publicado no XI Encontro de Iniciação Cientifica da UVA

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

ARIOVALDO UMBELINO DE OLIVEIRA - A longa marcha do campesinato brasileiro


O camponês 
 
O camponês dá carinho à sua terra,
como carinho dá o filho à sua mãe.
O camponês, tempos atrás cultivava seu sustento,
hoje o que faz sustenta o banco e mais alguém...
O camponês bebia água da fonte.
Hoje tem sede, a fonte secou também.
O camponês ainda cultiva sua fé, olha pro céu pra ver se ajuda
vem... O camponês se une com outros roceiros. Se organizando,
algum dinheiro até  que vem... Se a coisa aperta o camponês
busca   outras terras onde há promessa de uma vida que convém.
Se não dá certo, o camponês vai pra cidade, ser favelado,
bóia-fria, zé-ninguém.
Lembra da terra, sua mãe, o camponês, e reforma agrária
ele quer fazer também.
Se não conquista a terra, o camponês morre de tédio,
pois a cidade para ele dá desdém.
Mas, quando morre, o camponês conquista terra,
embora sejam poucos  palmos que  lhe convêm.
Mas pouco tempo pra usá-la tem o camponês, já que
logo  outros roceiros também vêm, disputam a terra
pra  descansar também...
  
(Poema extraído do livro "Geografia em Poesias: tempos, espaços, pensamentos..." do autor Luiz Cralos Flávio)

Créditos: Blog Tianguá Geografico